quarta-feira, 7 de setembro de 2011

VOCÊ ACREDITA EM DEUS?

VOCÊ ACREDITA EM DEUS? Com esta pergunta a jornalista encerrava uma longa entrevista com um esportista nacional famoso, cujo nome não vem ao caso. E a revista Brasil Cristão de setembro trouxe um artigo de Dom Murilo S. R. Krieger, scj, arcebispo de Salvador, a respeito do assunto. A resposta dada pelo esportista chamou-lhe a atenção e suscitou o texto que a revista publicou e que achei oportuno publicar em meu blog. Principalmente para uns amigos meus que se dizem ateus, mas não me fizeram perder a esperança de trazê-los à razão. Afinal, a gente sempre quer o melhor para todos que queremos bem, que amamos.
A resposta do esportista expressa o que muitos pensam a respeito do problema do mal e a existência de Deus. Na verdade, o drama e a angústia do entrevistado refletem o drama e a angústia de muitas pessoas nas diversas situações da vida. Nós mesmos nos indagamos, enchemo-nos de dúvidas diante de catástrofes e acontecimentos ruins que assolam o mundo e que têm ocorrido em diferentes épocas da história. O esportista disse: “É difícil dizer que acredito em Deus. Quanto mais desgraças vejo na vida, menos acredito em Deus. É uma confusão na minha cabeça; não encontro explicação para o que acontece. Por que é que meu filho nasce em berço de ouro, enquanto outro, infeliz, nasce para sofrer, morrer de doença, e há tudo isso de triste que a gente vê na vida? É uma coisa que não entendo e, como não tenho explicação, é difícil de acreditar em um Ser Superior.”
Em seu artigo, Dom Murilo procura explicar tais acontecimentos que nos apavoram e nos enchem de dúvidas se não nos prepararmos devidamente e deixarmos a fagulha divina de que somos feitos aflorar em nosso íntimo e se tornar luz de fato.
Ele enfatiza que o sofrimento e a doença fazem parte do nosso dia-a-dia. As injustiças, a fome e a dor são freqüentes no mundo, que até parecem normais e obrigatórias. Mas para um cristão, mais do que um culpado, o mal tem uma causa: a liberdade que nos foi dada pelo Criador quando nos fez. Fomos criados livres, com a possibilidade de escolher nossos caminhos. Podemos, pois, fazer tanto o bem quanto o mal. Se não tivéssemos inteligência e vontade, não existiria o mal no mundo. Se fôssemos meros robôs, também não, diz o arcebispo. É preciso ainda se conscientizar que se não tivéssemos liberdade não haveria o bem e nem saberíamos o que é um gesto de amor, o que é gratidão, amizade, solidariedade, lealdade.
Não fomos criados para sermos como autômatos, com destino já traçado, sem escolha. Neste caso, o que adiantaria sermos como a Madre Teresa de Calcutá ou um bandido da pior espécie? A vida seria inútil, sem sentido.
O mal nasce do abuso da liberdade ou da falta de amor. Como diz o arcebispo, ele às vezes é feito inconscientemente, involuntariamente, por imprudência, como quando um motorista abusa da velocidade ou embriagado causa um acidente fatal, matando pessoas inocentes. Não é da vontade de Deus que isto aconteça, diz Dom Murilo, mas Ele não vai corrigir ou impedir cada erro ou descuido humano. Ele não vai impedir que o gás esquecido ligado possa asfixiar um idoso que ali dorme. Ele não tolhe a nossa liberdade. Nós criamos nossos caminhos, nossas desgraças, nossas alegrias, nossa felicidade. Deus não intervém a todo momento, para modificar as leis da natureza ou para corrigir erros humanos. Ele não vai corrigir as tragédias causadas por tsunamis ou outro fenômeno que o egoísmo do homem construiu no planeta, aos destruir florestas, devastar áreas ambientais. Culpa de Deus?
A violência causada pelo ódio, pelo egoísmo, os assassinatos, roubos, os seqüestros, acidentes, guerras e outras maldades são como pegadas da passagem do homem pelo mundo. O mal acontece porque usamos de forma errada nossa liberdade ou não aceitamos o plano de Deus, expresso nos mandamentos, enfatiza o arcebispo. Quando enveredamos pelos caminhos indevidos, construímos o nosso mundo, não o mundo desejado por Deus para nós. Ainda mais, quantos se aproveitam do poder para se enriquecer às custas dos pobres, da miséria dos fracos e de seu sofrimento, fechando-se em seu próprio mundo para assistir a desgraça dos outros.
Ainda nos aconselha Dom Murilo, diante do mal, não podemos ter uma atitude de mera resignação. Cristo nos ensinou a lutar, combatendo o mal em suas causas. O bom uso da liberdade e a prática do bem nos ajudarão a construir o mundo que o Pai sonhou para nós. Descobriremos, então, que somos muito mais responsáveis por nossos atos do que imaginamos. Fugir dessa responsabilidade, procurando fora de nós a culpa de nossos erros, é uma atitude cômoda, mas ineficiente e incoerente. Assumirmos a própria história, colocando nossa capacidade, usando nossos dons, a serviço dos outros, é uma tarefa exigente, sim, mas que nos dignifica e nos realiza como seres humanos e filhos de Deus.
Deus existe sim, de outra forma a vida não teria o menor sentido. Basta um pouco de sensibilidade e o veremos. Negar a existência do Ser Supremo parece-me estar cego para as coisas que nos rodeiam. É olhar sem ver, tatear sem sentir, engolir sem degustar.
Vejo Deus em cada amanhecer ao despertar quando abro os olhos e sinto o bater do meu coração. Vejo-O na luz que nos ilumina; no sol que nos aquece; nas chuvas que molham a terra, tornando-a fértil; nas matas que renovam o ar que respiramos; na beleza das paisagens espalhadas pelo universo. Vejo Sua ternura no perfume das flores e Sua justiça nos espinhos que a protegem. Vejo Sua bondade no brilho das manhãs que conduz a vida e seu alerta nas trevas das noites de tempestade, nas ondas bravias de um mar revolto. Vejo Sua misericórdia na alegria das pessoas que superam uma enfermidade, Sua simplicidade no cantar de um pássaro, no vôo rasante de um beija-flor. Vejo Sua magnitude nas quedas d’água das cachoeiras imensas, na grandeza dos oceanos que se entremeiam pela terra. Vejo Sua beleza em cada nascer e pôr do sol, em cada gesto de uma criança inocente, em cada estrela que povoa o firmamento, em cada flor que desabrocha nos jardins, no vento que sopra e não vemos. Vejo Sua imagem na inteligência de cada ser humano, nas grandes descobertas, na complexidade de cada ser vivo. Vejo Sua eternidade no infinito que não alcançamos, no mistério que envolve as galáxias. Vejo Seu amor em cada coração que pulsa, em cada gesto de carinho.
Parece-me tão óbvio: tudo revela e manifesta Sua existência. Tudo que vive e respira, tudo que canta e celebra a beleza, o amor, a perfeição é Deus que Se nos mostra. Ele está em cada um de nós, habita nosso templo vivo, lugar sagrado, o santuário onde achamos a centelha divina. Entretanto, Ele não está na maldade que o ser humano cultiva e propaga com sua liberdade mal usada, mas que podemos combater com o bom combate, como nos diz a bíblia em 2 Timóteo 4, 7.
Napoleão

Um comentário:

  1. Incrível que diante de tantas evidências, ainda há pessoas que não acreditam em Deus.

    ResponderExcluir